15.5.11

21. O DESLIGADO CABO HAROLDO

Antigamente, toda vez que um avião decolava, era necessário enviar pelo telegrafo a hora de decolagem para todos os órgãos que fariam parte da rota que aquele avião iria passar. Para isso existia na torre de controle um grupo de Cabos antigões que sempre estavam ali para essa finalidade: Enviar as DEP´s.
Dentre todos os Cabos, existia um de nome Haroldo que era pra lá de desligado no ambiente de trabalho, e fora dele também. Uma vez quase perdeu o braço fazendo trabalhos manuais ao usar a serra e ligar para ver se cortava. Ele era tão desligado que muitas das vezes pegou o ônibus para ir para Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, e ao chegar lá, lembrava que não morava mais lá, que havia se mudado para Santa Cruz, na zona oeste da Cidade do Rio de Janeiro.
Uma vez, quando estava chegando para trabalhar na Torre de Controle, subindo as escadas de acesso ao local, todos os operadores se esconderam atrás da bancada com seus microfones, e ficaram lá falando coisas com as mãos abafando os microfones. Ele entrou, sentou-se de costas no seu lugar de costume, aguardando algum avião decolar, e não percebeu que não havia ninguém lá. E ele só escutava murmúrios baixinhos dos caras escondidos atrás das bancadas. Vai ser desligado assim lá na Bahia.
Eis que as aeronaves começaram a chamar e ele se virou não vendo ninguém na Torre de Controle, escutando apenas alguns barulhos estranhos. Como ficou assustado com o fato, foi saindo de fininho, passo a passo e olhando pra trás, com medo que fosse algo de outro mundo. Desceu as escadas até chegar ao Controle Rio, relatando ao Sub Messias que achava que estava acontecendo alguma coisa na Torre, que a Torre estava mal assombrada por velhinhas que falavam baixinho, arrastando umas latas pelos corredores, atrás das consoles.
O Sub deu algumas boas gargalhadas e pediu para ele repetir, pois não acreditava naquela narrativa doida do cabo, e que isso deveria ser sacanagem do pessoal da Torre. Não deu outra, pegou o telefone ligou para a Torre, e começou a falar do Cabo Haroldo, escutando boas risadas de todos que estavam ali.
Até hoje, quando encontramos o Cabo Haroldo, pelas ruas do Rio de Janeiro, sempre rola uma sacanagem de algumas velhinhas que assombravam a Torre de Controle.



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