15.5.11

13. TRÊS "F-5" POUSANDO NO AEROPORTO SANTOS DUMONT

Sargento Mauro, ou simplesmente Tio Mauro, como era conhecido era um dos melhores controladores do Controle Rio, e chefe da equipe fox. Em um dia de muitos aviões, ele estava trabalhando como controlador no setor de aproximação final, pois era um dia daqueles de pouca visibilidade e teto baixo, com um nevoa bem densa, e havia a necessidade de uma pessoa bem experiente nesta posição para que o serviço fosse prestado de forma mais ágil e segura.
Até que eu recebi a informação pelo telefone hotline que três F5 estavam retornando de uma missão, não conseguiram pousar em São José dos Campos e nem em Santa Cruz, pois o Radar PAR de precisão não estava operacional e as condições meteorológicas estavam adversas, e eles tentariam o pouso no Galeão., e não teriam combustível suficiente para alternar outros aeroportos.
Tudo preparado. As aproximações radar PPI seriam feitas de modo a dar uma chance de pouso melhor aos pilotos. Mas a nevoa era realmente densa e não houve a possibilidade de pouso. Foram feitas duas tentativas de pouso no Galeão, e como o combustível já era pouco, informaram que iriam ejetar sobre o mar, pois nada mais poderia ser feito.
Ao ouvir isso, eu, estagiário de poucas horas de Controle Rio, sugeri ao Tio Mauro, o porquê de não se tentar uma aproximação PPI no Santos Dumont, pois eles iriam ejetar mesmo. Na hora pareceu um absurdo aproximar para o SBRJ, mas entre ejetar e tentar o pouso, porque não!!
Então vamos... E os pilotos aceitaram. Foi passado aos pilotos o tamanho e largura da pista, e toda informação pertinente, e só haveria uma única chance de aproximação. Foi prestada toda assistência na aproximação PPI dizendo a eles se estavam à direta ou a esquerda da pista, a altitude recomendada, a velocidade que deveriam manter, até que o primeiro avistou e pousou na pista sendo necessário até abertura do pára-quedas, pois havia o risco de não parar na pista e irem direto dentro do mar. Quando o primeiro conseguiu parar ao final da pista, ficou quase com o bico dentro d água, e assim sucessivamente os outros dois pousaram e cada um com o seu bico, um ao centro, uma direita e outro a esquerda, também quase na água. Ufa!!! Que alivio......
Todos estavam mais tranqüilos, mas ainda com a respiração fora de ritmo, até que o telefone externo tocou. O Sargento que atendeu ao telefone repetia em voz alta tudo o que a pessoa do outro lado da linha falava:
Sim senhor.... sim pousaram no Santos Dumont sim.... O nome do Sargento que fez isso? Afastá-lo e mantê-lo preso até nova ordem!! Sim senhor!!....
Era o Brigadeiro do Terceiro Comar que da sua Janela viu o fato e não sabendo do que acontecia, achou que era um absurdo fazer aquilo que foi feito, pondo em risco as aeronaves e os pilotos. Ele não sabia de tudo que ocorrerá e mandou prender o Tio Mauro, que aos berros falava pra mim:
"Novinho do caceteeee, você me Fdeuuuuuu!!!! Tô presooooo".
Mas o que era uma detenção para quem já tinha um Recorde de prisões. Uma a mais não vai fazer diferença para um dos sargentos mais antigo da Força Aérea, que não era promovido a Sub oficial devido a não ter conceito para isso.
Mas isso não aconteceu de fato, pois os pilotos ao explicarem ao Brigadeiro o que havia acontecido intercederam pelo Controlador, que mereceu até a visita pessoal deles no Controle Rio para agradecê-lo.
Isso rendeu até mesmo a medalha Santos Dumont, pelo feito único até hoje, em cerimônia no Comar, ao sargento, e a promoção a Sub Oficial no final de carreira.



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